domingo, 4 de março de 2012

De volta as trutas grandes no meu quintal

Hoje dia 4 de Março de 2012 resolvi ir ver como estavam as coisas no meu quintal.

Como de costume as 5.30h, eu e o meu camarada António fomos a pesca. Depois de um breve café fomos para o dito local, já ao amanhecer o vento era bastante intenso então eu e o meu camarada optamos por bater uma sequencial de enciadas onde um afluente desagua.

Começamos a bater milimétricamente usando desde Vibrax, Meeps e Rapala neste ultimo um pouco mais eu do que o meu camarada.

Já eram 10 da manha e só contavamos com 3 toques e uma pequena truta para o António, do meu lado nada. Numa altura em que a chuva fazia-se sentir depois de um lançamento paralelo a margem eis que um pequeno/enorme submarino ataca a minha Rapala e por estas horas eu já não acreditava em tirar peixe. Depois de ver o submarino a deslocar-se a alta velocidade até a minha amostra o meu ritmo cardíaco aumentou com a esperança de ser uma truta. seguiram-se momentos verdadeiramente assombrosos. Um ataque forte de um verdadeiro predador com vontade possivelmente de dissuadir a minha amostra de 11 cm cor RT, cravo com bastante força depois foram pelas contas do António 15min seguramente até a acalmar e poder a ter ao nosso alcance. Ela andava da direita para a esquerda como se nada fosse temi perde-la depois de lhe ver o tamanho, largo dorso e a barbatana caudal enorme, também contribuiu para esse receio a minha nova linha e o facto de já estar cansado.

Mas ela saiu e aqui está a minha foto do primeiro troféu do ano digno desse nome.



Agora uma foto um pouco mais próxima para poderem ver o tamanho da bicha.


Ficam com uma ultima foto.




A minha Shimano Catana 2.10 portou-se bem assim como a minha nova linha Spinner 20 para 7.48kg

Posto isto já nem consegui pescar perdi um pouco a vontade e já cansado regressei a casa.

sábado, 3 de março de 2012

A minha abertura de pesca a truta

No dia 1 de Março de 2012 pelas 4.30h levantei-me, depois de uma noite mal dormida causada pela anciedade de voltar as margens, dos nossos rios em busca das nossas trutas.

Já eram 5h e já estava a caminho tendo a barragem da Caniçada como principal destino, uma pequena paragem pelo caminho para o café da praxe e eram 6.30h já me encontrava junto do paredão a ver como andavam por lá as coisa. Por estas horas já vários pescadores mais velhos se encontravam a montar as suas canas, ainda era noite.
Dai a zona que tencionava bater a pente fino foram uns 10min.
Chegado a Rio Caldo por lá já andava a malta dos barcos desertos que amanhecesse para poderem lançar as suas amostras.
Depois de uma breve conversa com um conhecido da minha freguesia que ia pescar ao corrico decidi-me pela área a bater.

Com a claridade do dia a chegar estava na hora certa para preparar-me para lançar as amostras. Vestir o colete, montar a cana e calçar o vade em 5min estava a coar água numa das melhores albufeiras para a pesca a truta

Fiz uma sequência de enciadas e nada, mudei vários iscos, desde colher a vinil por serem mais pesados atingia uma maior área e nada se via nada se mexia a trás das minhas amostras.

Até que com uma Rapala Sicking cor truta de 9cm entrou um achigã para minha desilusão de quase metade so tamanho da amostra, sem o sentir veio até mim e já com ele fora de agua com duas sacudidelas consegui que ele descravasse e assim deixando a amostra para tirar o que mais queria trutas.



Depois na sequencia da passagem de um barco de algum porte a alguma distancia vieram umas ondas que eu consegui aproveitar com uma Meeps Killer nº2 largos lançamentos faz a amostra depois de meia dizia senti um pequeno toque ao que respondi com uma boa cravadela mas nada não cravou, lanço novamente e zás novamente cravo com força e temos truta tento traze-la mas reparo que é grande de bom porte. O ritmo cardíaco aumenta tenho a primeira truta do na linha depois de um pequeno combate ela cospe a amostra depois de um salto fora de agua. Uma desilusão que me estava a dar mais vontade ainda de pescar.

Sem perder muito tempo desloquei-me a um dos locais mais belos do troço a jusante da barragem.
A chegada verifiquei que a boca de saída de agua da barragem estaria fechada ou para abrir o rio ia quase seco. Resolvi então verificar por que de certo que estariam por lá pescadores. Equipei-me num ápice e fui ter com um pescador que me estava a dizer que a boca de saida deveria aumentar o caudal em breve, posto isto toca a coar água.

Com uma Celta pena de Gaio meia dúzia de lançamentos nada até que sem sentir o toque na saída de uma corrente uma pequenina truta a rasgar os 20cm vinha junto com a amostra trouxe a bicha com calma e devolvi prontamente ao seu habitat. Mudança de planos logo de seguida mudei de amostra para uma CD5 cor boga porque soube que na zona havia muitas bogas e dois lançamentos paralelos a margem e zás uma bela truta 36cm bela truta dai a tirar a segunda foram 10 min pequena mudança de pesqueira e um lançamento na corrente, no meio de uma dezena de pescadores uns com isco natural outros com amostra e zás 37cm de truta do Cávado.

Nesta altura o nivel das aguas já era alto e a força da corrente por estas horas ajudava me a levar a CD5 para o final da corrente que era bastante comprida. Após uns 5 ou 6 lançamentos apareceu um pescador como é habito a questionar se tinha tirado algo.Devido a alguma falta de bom censo por parte do dito pescador, que lançava cruzando a linha dele na minha perturbando o meu sossego resolvi dar de fuga.

Próxima paragem pesqueira a jusante.

A minha chegada apresentava se com alguns pescadores, mas eu já estava exausto e precisava de descansar, resolvi aproveitar o tempo a comer algo enquanto esperava que algum resolvesse sair de um óptimo sitio que tinha em mente. Pois ao final de 5min um deles sai eu entro e ao segundo lançamento com a Vibrax 2 e na queda entrou uma truta cravo e em segundos vem ter as minhas mãos. Pequena trutinha com uns 22cm prontamente devolvida.

Sem mudar de estratégia mantive-me na mesma zona com a intenção de continuar a ferrar trutas mas já perto da uma hora da tarde resolvi ir almoçar.

Depois do almoço e já de volta a uma nova zona de pesca, eram 3h da tarde. Até as 5.30 nada mudava de amostra desde Rapala,vinil colher e nada, parecia que o rio já não tinha peixe,  mas algumas das trutas começaram a seguir as amostras com a dita margem de segurança ate que lanço por entre umas árvores e depois da colher passar por cima de uma pequena pedra sinto um toque julguei truta volto a lançar no mesmo sitio e ela entre e desta vez eu tenho tempo de cravar, não é muito normal haver duas trutas no mesmo sitio mas que senti um toque anterior senti. Em segundos tenho a truta na minha mão que devido a sua pequena dimensão foi devolvida de imediato.

Já esta a escurecer e estava na hora de regressar a casa depois de uma grande e boa aventura no Rio Cávado, saindo satisfeito do rio e após chegar a casa tive de comunicar o meu camarada António da fantástica pescaria que acabara de fazer.

Os sentidos das trutas - A visão

Baseado na matéria do Luis Antúnez Valerio, publicada na revista: Fario, Espanha, Numero 2, Março 1994 e nos livros Tactics for Trout – Dave Hugues 1990, Selective Trout – Doug Swisher e Carl Richards 2000, e Fly Fishing for Trout in Streams - Cowles Creative Publishing

Introdução – Os sentidos das trutas

Ao contrário de nós, as trutas não comem suas refeições numa mesa, num ambiente protegido e cercado por quatro paredes e um teto. Elas convivem com as presas das quais se alimentam, e evitam ao mesmo tempo se tornarem elas mesmas a refeição de alguém.     

As trutas são predadores, e para subsistir devem capturar seu alimento. Seu mundo está geralmente habitado por uma grande variedade de insetos aquáticos, não-aquáticos, e crustáceos; estes são seus alimentos preferidos. Na medida em que elas crescem, começam a incorporar na dieta pequenos peixes e alevinos, mas nunca abandonam totalmente sua fonte primária: os insetos. A procura por alimento é constante e é interrompida só por alguns períodos de dormência.

As trutas são predadoras sim, mas também são presas. Quando um inseto ou certa atividade chama sua atenção ela parte para o ataque saindo do seu esconderijo se expondo à predadores como lontras, águias, ursos e inclusive o próprio homem. Quando elas se expõem desta maneira elas ficam em alerta máximo. Elas sobrevivem graças ao uso dos seus sentidos, mas também acabam sendo presas devido às falhas deles. Para fisgar uma truta, primeiro é necessário burlar suas defensas apresentando corretamente a mosca sem espantar-la; na seqüência é necessário seduzi-la para que acredite que a isca é algo que ela gostaria de comer.

A visão – Desde a perspectiva do pescador, este é o sentido mais crítico. Existem dois aspectos importantes em relação à visão. O primeiro é que a truta não deve perceber o pescador como uma ameaça, e segundo, a isca artificial deve parecer algo bom de comer. Este artigo está completamente focado no sentido da visão.
A Audição – Os peixes não têm ouvidos externos como nós. Por centenas de anos ficou-se debatendo sobre este sentido e se as trutas eram ou não capazes de ouvir. A ciência resolveu este debate oferecendo evidência experimental que comprova que os peixes reagem ao som, o que foi posteriormente corroborado mediante uma dissecção que revelou que os peixes possuem um ouvido interno muito similar ao nosso.
As linhas laterais – Este órgão sensorial é encontrado unicamente nos peixes e permite captar sons de baixa freqüência. É essencialmente um tubo que se encontra imediatamente abaixo da pele e percorre todo o corpo do peixe a ambos os lados. Este tubo contém um nervo central com ramificações e terminações sensoriais. O órgão tem três funções:

1. Capta som em baixas freqüências. Em essência é um ouvido especializado para captação de movimentos sutis ao redor.

2. É também um órgão tátil de longa distância, que lhe permite sentir o movimento e a aproximação de outros seres vivos que podem ser predadores, presas ou outros peixes se alimentando nas proximidades.

3. A última função é alertar o peixe de súbitas mudanças na temperatura da água.
Este sentido é importante, pois os peixes são animais de sangue frio e, portanto,
seu metabolismo precisa de um tempo para adaptar-se às novas condições.

O olfato e o paladar – Estes sentidos estão interconectados, ambos permitem sentir o que está
na água e dão informações sobre o que é bom ou ruim para o peixe. O sentido do olfato
permite detectar substancias químicas dissolvidas na água sem necessidade de entrar em
contato com o objeto. Este sentido é particularmente sensível nas trutas e permite reconhecer
os “cheiros” de ursos, lontras e seres humanos.
Por outro lado, o paladar só é ativado quando a boca do peixe entra em contato com o objeto, os órgãos do gosto estão localizados na língua e na boca. Restam ainda dúvidas sobre a capacidade de diferenciar o “sabor” de uma isca e o de uma fonte natural de alimento.
O sentido tátil vem imediatamente na seqüência: se uma isca não tem a textura de um inseto ela pode provocar uma rejeição por parte do peixe (materiais sintéticos ou o uso excessivo de pêlos e penas afiados podem provocar este efeito).


Vista – Os olhos são a primeira linha de defensa contra os predadores e também são utilizados para caça suas presas.

Audição – Um ouvido interno lhe permite captar sons de alta freqüência e manter o equilibro na correnteza.
Listra Lateral – Capta vibrações de baixa freqüência, permitindo a truta detectar, velocidade tamanho e direção de presas e predadores.

Olfato – O nariz lhe permite detectar predadores assim como áreas de desova ou alimento em geral
Esta discussão sobre o sentido dos peixes baseia-se na observação e pode não ser totalmente
precisa. Mas a dissecção do cérebro da truta (que não é muito maior que uma ervilha) mostra
que ele é dominado pelos lóbulos oculares, o que nos leva a concluir que a visão é sem dúvida
um dos principais sentidos, tanto para se defender como para se alimentar.

Água, ar e luz

Sabe-se que um feixe de luz “viaja” de distintas maneiras no ar e na água, na passagem de um meio ao outro ela sofre um “desvio” que varia segundo o ângulo de entrada da luz de um meio para o outro. Este fenômeno acontece com as ondas em geral (e a luz em particular) e é conhecido na física como refração, a mudança do meio de transmissão produz uma variação na velocidade da onda que acaba provocando esta distorção ou “desvio”.
Para ilustrar este fenômeno pode-se colocar um objeto reto parcialmente dentro da água. Será observada uma deformação que será maior na medida em que o objeto for deslocado fora da vertical. É por causa deste fenômeno que a truta que acreditamos estar numa certa posição está realmente situada em outra, sendo a recíproca verdadeira, isto é, a truta enxerga o pescador numa certa posição quando na realidade ele encontra-se em outra. A fronteira entre o ar e a água atua como uma barreira que “distorce” a visão de ambos: Do pescador e da truta.

Então o que aconteceria se um observador fosse colocado embaixo da água olhando para acima? O raio que sai perpendicular à superfície não sofrerá nenhum desvio, as variações irão aumentando na medida em que ele se afastar da perpendicular, segundo o fenômeno de refração que acabamos de descrever. Esta deformação chega a uma distância definida como “limite”, na qual os raios não conseguem mais atravessar a superfície e voltam em direção da água. Este segundo fenômeno é conhecido na física como reflexão, isto é, o ângulo de incidência dos raios e a diferença nos meios de propagação provocam a “reflexão” da onda (neste caso a luz), impedindo que a mesma mude de meio. O efeito da “reflexão” é o mesmo de um espelho, portanto além deste “limite”, o observador submerso verá o fundo do rio refletido na superfície da água. O fenômeno se repete caso o observador esteja fora da água, observando o fundo do rio. A partir de certo ângulo não conseguirá mais enxergar o fundo do rio e verá apenas o céu refletido na superfície da água. -

Fenômeno de refração: Da esquerda à direita, observe como a imagem do objeto vai ficando cada vez mais distorcida na medida em que aumenta o grau de inclinação. A distância entre a posição real e a aparente do objeto é cada vez maior.

A seguinte pergunta lógica é: Qual é o “limite”? Isto é, a partir de que distância a truta não consegue ver mais os objetos ao outro lado da superfície e simplesmente observa o fundo do rio refletido nela? Esta medida está dada por um ângulo (em relação à vertical), sendo que para o caso da água este é de aproximadamente 48.5º. Assumindo que o ângulo visual de um ser vivo embaixo da água seja de 360º, teremos o equivalente a um cone com um ângulo de 97º no vértice localizado no olho do nosso observador submerso que chamamos de “janela de visão”.

Por outro lado, o menor ângulo no qual um raio pode incidir na água sem ser refletido é de 10º, além deste ângulo os raios são refletidos parcialmente, quer dizer alguns deles chegam a penetrar criando uma imagem distorcida que a truta dificilmente consegue identificar.

 Fenômenos de refração e reflexão na água/ar. Os raios sofrem refração até um determinado ângulo de incidência limite (48.5º em relação à vertical) Além desse ângulo os raios são refletidos.Janela de visão do p
ixe. A visibilidade do peixe e relativamente precisa dentro da janela de visão. Fica distorcida fora dela e é praticamente nula se o objeto estiver num ângulo de 10º em relação à superfície da água.
Estes fenômenos físicos de refração e reflexão definem então as janelas de visualização da truta. Na primeira, chamada de “Janela de visão esperada”, a truta enxerga perfeitamente os objetos dentro dela. Esta janela acompanha a truta aonde ela for e fica menor quando ela está mais próxima da superfície, e maior na medida em que ela afunda na água.
Um objeto imediatamente na vertical é perfeitamente visível pela truta já que não existe deformação. Na medida em que o objeto se desloca na vertical o objeto começa a ficar deformado, pois os raios de luz começam a sofrer um desvio cada vez maior (Janela de visão esperada). Além desta região (na área do 10º acima da superfície que temos pintado em roxo) os objetos se tornam extremamente deformados e praticamente invisíveis aos olhos da truta.

Vamos imaginar a visão da truta .

O nosso amigo do lado esquerdo está em pé, e portanto é visível (com certa deformidade) aos olhos da truta. Em compensação, nosso amigo pescador ao lado direito (bem mais esperto por sinal) fica parcialmente invisível aos olhos da truta, pois ao ficar de joelhos ele coloca a maior parte do corpo na zona invisível dos 10º pintada em roxo. O mesmo efeito pode ser conseguido se entramos cuidadosamente dentro do rio de maneira tal que o corpo fique fora do ângulo limite. Neste caso a truta enxergará eventualmente as pernas do pescador refletidas na área de espelho, mas não poderá enxergar o restante do corpo, pois ele se encontrará na área cega.

O olho dos salmonídeos

A seguinte pergunta é: Como enxerga o olho da truta? E logo uma segunda pergunta ainda mais difícil de responder: Como interpreta o cérebro da truta as imagens captadas pelo olho? Em relação a esta ultima pergunta só resta fazer algumas suposições com base na experiência de outros pescadores.
O olho da truta é muito diferente do nosso.
Em primeiro lugar, ele não possui pálpebras; ele também não tem um diafragma ou íris para regular a entrada da luz. Em compensação ele possui uma lente esférica que lhe outorga uma maior imagem dos objetos que entram no seu campo visual, podemos supor então que a visão das trutas é bem mais “iluminada” do que a nossa. Graças a este tipo de lente esférica o olho da truta funciona como uma teleobjetiva a qual é movimentada por um conjunto de músculos oculares.
Adicionalmente, esta lente lhe confere um amplo campo visual de praticamente 180º a cada lado. Devido à localização dos olhos na cabeça, o campo visual de ambos olhos acaba se cruzando na frente e acima do peixe, tornando-se “binocular”, muito adequada, pois é justamente nessa zona que o peixe precisa ter uma percepção exata da distância e situação da suas presas.
O “preço” a pagar por esta visão binocular frontal é uma área cega na parte posterior e inferior.
Fora desta zona “binocular” os olhos atuam de maneira independente, e a visão é “monocular”.
A truta pode definitivamente ver no campo monocular e presumivelmente interpretar o que foi enxergado por cada olho de maneira independente.
Como vocês já sabem, quando as trutas estão caçando elas ficam a maior parte do tempo de cara para a correnteza, pois é assim como elas podem apreciar com sua visão binocular os objetos que lhe são trazidos pela corrente. Este é o principal motivo pelo qual os pescadores que pescam rio acima não são percebidos quando se aproximam por trás das trutas. Existem adicionalmente outros motivos pelos quais as trutas não percebem o pescador se aproximando, principalmente o fato de que sua atenção está absolutamente voltada aos insetos que eclodem ou dos que estão depositando seus ovos na superfície.

Ser estático ou movimentar-se muito lentamente na água para não provocar ondas que poderão ser captadas pelas faixas laterais dos peixes, além de ser um sinal de respeito para com nossos companheiros de pesca.

Cores – Por muito tempo tem se questionado se as trutas têm realmente a capacidade de perceber cores. Esta discussão ainda continua, mas tem se demonstrado experimentalmente que a truta pode ser treinada para tomar os alimentos presos num fórceps azul e evitar os alimentos oferecidos num fórceps vermelho, ou vice-versa. Os cientistas têm demonstrado também que as trutas podem distinguir entre os diferentes tons de cores.

Este fato tem um duplo significado para o pescador. O primeiro é como a truta enxerga o pescador, e o segundo, como ela enxerga a isca. Se o pescador veste roupas coloridas ele será mais visível aos olhos da truta, portanto é recomendado o uso de roupas que permitam ao pescador se confundirem com o ambiente que o cerca. Por outro lado, é mais fácil que a truta aceite uma isca cuja cor é similar aos insetos dos quais ela está costumada a se alimentar. Caso a truta esteja se alimentando seletivamente num determinado inseto ou crustáceo é crítico imitar o alimento com a maior precisão possível para evitar a rejeição.
Intensidade da luz – Os olhos da truta podem captar muito mais luz que os nossos. Conclui-se então que as trutas podem enxergar muito melhor na escuridão que o ser humano. Isto explica porque ao entardecer as trutas enxergam nossas iscas muito melhor do que nós.

Ao entardecer, as trutas começam a ajustar seus olhos do modo colorido ao preto e branco, isto acontece entre 4 e 5 horas antes do anoitecer. Durante esta mudança elas perdem a capacidade de distinguir as cores, portanto elas se tornam irrelevantes durante o anoitecer ou amanhecer, e são bem mais importantes ao meio dia. Durante os períodos escuros elas só enxergam em preto e branco, sendo que a silueta e o tamanho são os únicos fatores importantes para avaliar uma isca. Ao amanhecer o processo de recuperação da capacidade de enxergar cores é inverso e demora entre umas 4 e 5 horas antes da completa claridade que acontece pela metade da manhã (entre 9 e 10 horas).

Em geral, sendo um predador, a truta se alimenta a qualquer hora que sua presa esteja ativa, mas elas se sentem mais seguras para se alimentar em condições de pouca luz. Os grandes peixes (especialmente as trutas marrons) se alimentam quase que exclusivamente durante as noites ou muito cedo de manhã.
Como já vimos anteriormente, as trutas carecem de pálpebras e íris, portanto seus olhos estão expostos a grandes quantidades de luz, elas geralmente evitam os lugares muito claros e preferem estar na sombra ou nos lugares mais profundos, o que explica porque nos dias nublados as trutas se alimentam mais próximas à superfície.

Visão em baixo da água – A visão da truta dentro da água é tão boa quanto a do ser humano no ar, salvo algumas diferenças. A primeira é a distância, dado que a água é um meio mais denso do que o ar os raios de luz atingem menores distâncias, portanto o raio de visão das trutas é bem menor. A visibilidade lateral depende muito das condições e mais espeçificamente da quantidade de luz disponível, em condições ideais com águas claras e um dia ensolarado a truta pode enxergar objetos até uma distância de 15-20 metros. Em dias nublados a distância pode reduzir drasticamente até 1 ou 2 metros. Geralmente, se assume que o campo visual da truta é bastante amplo e pode chegar a uma distância estimada entre 1.5 a 7 metros. Quanto mais agitada a água, maior o nível de distorção dos objetos, e é por isso que é mais fácil se aproximar das trutas quando elas estão nas corredeiras.

Uma observação interessante é de que a truta não parece se espantar com a visão das pernas do pescador num wader ou na presença de um float-tube sempre e quando não haja movimentos bruscos. Supõe-se que este comportamento obedece ao fato de que a truta não considera tais objetos uma ameaça, mas podem eventualmente parar de se alimentar por alguns minutos até se sentir a vontade para reiniciar o banquete.

Como a truta enxerga os insetos na superfície da água

Como as trutas detectam os insetos que se aproximam sobre a superfície da água? E quando falamos sobre a água estamos nos referindo ao inseto que tem suas seis patas apoiadas na superfície da água, sem que o resto do corpo penetre na mesma.

Suponhamos que a truta está na posição de caça com o inseto se aproximando a ela pela frente. Dado que ao inicio a mosca está fora do ângulo visual da truta, ela não enxerga o corpo da mesma que se encontra acima da superfície, mas as patas que se apóiam na superfície criam uma distorção suficiente como para chamar a atenção. Caso o fundo do rio seja de areia a distorção da imagem refletida na superfície da água é mais obvia, mas se o fundo está constituído por pedras ou algas a distorção será mais sutil e irá exigir uma maior concentração por parte da truta.

Assumindo que nossa amiga já detectou as patas do inseto se aproximando ao seu campo de visão, ela não se apressa e fica aguardando a corrente levar a comida mais perto dela, pois ela está no seu canto particular de caça onde as moscas são entregues pelo sistema de “delivery” do rio com o menor esforço possível. Conforme a mosca se aproxima, ela começa a analisar com mais atenção os pontos luminosos criados pelas patas na superfície da água e fica aguardando pela aparição das outras partes do inseto, as primeiras em entrar na janela de visão da truta são as asas do inseto, pelas características da cor e formato ela saberá se correspondem aos insetos que estão eclodindo e dos quais ela está se alimentando.
Mas é preciso lembrar que as asas não estão na posição que ela imagina, pois a mesma foi afetada pelo fenômeno de refração.

Logo a corrente do rio continua fazendo o “delivery” da comida, caso o próximo sinal em aparecer seja a cabeça, este será um segundo sinal informativo para o peixe, mas se o inseto estiver virado, o próximo sinal em aparecer será a cauda ou o abdômen. Finalmente a mosca inteira aparece no campo de visão da truta e aos poucos ela ficará situada na vertical em relação aos olhos da truta, lugar onde não existe nenhuma distorção do objeto.
Uma mayfly se aproximando da janela de visualização da truta. Só é visível a parte inferior do abdômen, cauda e partes das patas.
 As asas são a primeira parte do corpo que entram na janela de visualização da truta.

Mas a nossa amiga é muito desconfiada, pois ela já foi fisgada varias vezes e aprendeu a lição. Por esse motivo ela sobe lentamente em direção à mosca e se aproxima o suficiente para tê-la dentro do campo de visão binocular o que lhe permite avaliar detalhadamente sua presa, ela acompanha um pouco a mosca rio abaixo o que nos leva a pensar que ela “cheira” o inseto. Só quando ela se convence que o inseto é “verdadeiro” ela avança em direção à isca sugando-a e voltando para sua posição de caça à espera da próxima refeição. Nesta seqüência, a truta tem tirado proveito das características da sua visão assim como das propriedades físicas do meio aquático.

1. Utilizando as características esféricas da sua lente, ela teve uma visão ampliada da sua presa.

2. Aproveita as vantagens da sua visão binocular.

3. Como os raios se concentram em seus olhos, a iluminação foi plena.

4. Teve tempo de estudar detalhadamente sua presa.

5. Viu a movimentação natural da mesma.

Dependendo da velocidade da corrente, esta avaliação poderá ser mais ou menos cuidadosa. Nos rios com correntes rápidas o tempo de avaliação diminui significativamente o que obriga a truta a tomar decisões mais rápidas (e eventualmente erradas) em relação à isca que lhe é apresentada.

Conclusões

A fronteira água-ar atua como uma barreira que distorce visão do pescador e a da truta, pois se aplicam as leis físicas da refração e reflexão. Entender como a truta nos enxerga e enxerga seu alimento é chave para nos aproximar dela sem espantá-la e também para escolher e apresentar corretamente uma mosca para seduzi-la.
Devemos lembrar que a visão não é o único sentido da truta, ela tem um olfato extremamente desenvolvido, um ouvido interno e uma linha lateral para sentir movimentos e sons em baixa freqüência. Mas é sem dúvida a visão um dos mais importantes sentidos que devemos entender para poder explorar suas fraquezas.
Numa próxima matéria estaremos explorando com maiores detalhes como a truta se aproxima de seus alimentos quando está caçando. Estudaremos como fazer a leitura certa de uma ascensão (rise) para entender quais são as potenciais fontes de alimentação das trutas nesse momento e assim escolher e apresentar uma isca adequadamente.

Fonte: www.moscanagua.com.br

Desculpem a falta de fotos.